Secretário adjunto é flagrado recebendo doações em conta pessoal para evento público e passa por constrangimento na Câmara
Silvio Natal, conhecido como Cabo Natal, foi confrontado com comprovante de Pix em audiência pública; explicações vagas levantam dúvidas sobre transparência na gestão de recursos municipais.

Durante uma audiência pública realizada em 13 de outubro na Câmara Municipal, uma situação constrangedora colocou em xeque a conduta do Secretário Adjunto de Segurança, Silvio Natal — popularmente conhecido como Cabo Natal. O motivo foi a revelação de que doações destinadas à realização da "Corrida de 7 de Setembro", um evento oficial do município, foram depositadas diretamente em sua conta bancária pessoal.
A questão veio à tona após o presidente da Câmara, vereador Ozeias Jorge, perguntar ao secretário se o evento havia recebido patrocínios privados. A resposta de Cabo Natal foi considerada evasiva, atribuindo a responsabilidade da prestação de contas à "FEST", entidade supostamente encarregada da organização.
O episódio ganhou contornos mais graves quando o presidente da Casa legislativa exibiu no telão do plenário o comprovante de uma transferência via Pix, no valor de R$ 500, feita por um patrocinador diretamente para a conta pessoal do secretário. Surpreso e visivelmente desconcertado, Natal admitiu o recebimento, mas não conseguiu justificar com clareza por que a doação foi realizada dessa forma.
A cena, registrada em vídeo e narrada pelo perfil do "Varal de Notícias" nas redes sociais, evidenciou o constrangimento no plenário. O narrador classificou a resposta do secretário como “confusa” e criticou a ausência de uma justificativa plausível, ressaltando os riscos da mistura entre recursos públicos e privados na administração de eventos municipais.
O presidente da Câmara encerrou a audiência de forma abrupta, com a frase “a prova está aí”, sem anunciar encaminhamentos formais sobre o caso. A situação agora gera pressões por maior fiscalização e pode desencadear investigações sobre a conduta do secretário, que tem histórico na polícia militar e ocupa cargo estratégico na área de segurança pública.
Especialistas em administração pública alertam que, mesmo em eventos com participação de entidades privadas, o fluxo de recursos deve seguir princípios de transparência, impessoalidade e prestação de contas. O uso de contas pessoais para recebimento de doações institucionais é amplamente desaconselhado e pode configurar, em certos casos, irregularidades administrativas ou até infrações legais.
A repercussão do caso reforça a necessidade de regras mais claras e fiscalização mais rigorosa sobre a gestão de recursos em atividades promovidas por entes públicos, ainda que com apoio de terceiros.
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