Lula na ONU: Defesa firme da soberania em meio à crise diplomática com os EUA
Em discurso à 80ª Assembleia Geral, presidente condena sanções, tarifas e ataques a instituições brasileiras; fala marca confronto entre Brasil e administração Trump.

Durante seu pronunciamento na abertura da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma defesa veemente da soberania brasileira em meio a um momento delicado das relações diplomáticas com os Estados Unidos. A fala ocorreu em Nova York, nesta terça-feira (23), e foi marcada por críticas a medidas unilaterais adotadas por potências estrangeiras, incluindo sanções econômicas e ataques às instituições nacionais.
Lula afirmou que o Brasil “não aceitará pressões externas que desrespeitem sua Constituição, suas instituições e a vontade de seu povo”. A declaração foi interpretada como uma resposta direta ao recente endurecimento da política externa norte-americana, que incluiu sanções a autoridades brasileiras e barreiras comerciais a produtos nacionais.
Sem mencionar nomes, o presidente condenou o uso de sanções como instrumento de coerção política e defendeu a autodeterminação dos povos como princípio inegociável do direito internacional. “Não se constrói um mundo justo com ameaças e retaliações”, afirmou, em tom firme.
Crise diplomática
Nos bastidores, o discurso refletiu o aumento da tensão entre Brasília e Washington. O governo norte-americano vem adotando medidas punitivas que atingem diretamente autoridades do sistema judiciário brasileiro, sob a justificativa de violações aos direitos humanos e perseguições políticas. A situação se agravou após decisões do Supremo Tribunal Federal envolvendo figuras da extrema direita, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O Planalto optou por ajustar o tom do discurso até os últimos momentos, justamente para calibrar a resposta diplomática diante de um cenário volátil. A decisão foi estratégica: manter a postura altiva, sem romper com os princípios do diálogo internacional.
Defesa do multilateralismo
Além da pauta nacional, Lula voltou a defender a reforma das instituições globais, especialmente o Conselho de Segurança da ONU, argumentando que o atual sistema de governança internacional está ultrapassado e favorece um grupo restrito de países. Segundo ele, a exclusão de nações do Sul Global dos processos decisórios é um fator que perpetua injustiças e desigualdades.
Também houve espaço para temas ambientais. Lula mencionou a realização da COP30 em Belém, prevista para o ano que vem, e reafirmou o compromisso do Brasil com o combate às mudanças climáticas, destacando que “a floresta em pé vale mais do que o lucro imediato”.
Repercussão e próximos passos
O pronunciamento foi bem recebido por países latino-americanos e africanos, que veem no Brasil um aliado estratégico na luta por um sistema internacional mais equilibrado. Internamente, o discurso fortalece a imagem de Lula como estadista e reforça seu compromisso com a defesa das instituições brasileiras diante de pressões externas.
Especialistas avaliam que o governo brasileiro deve manter uma postura firme, mas conciliadora, para evitar o isolamento diplomático ou prejuízos econômicos. A gestão da crise com os EUA exigirá habilidade política e articulação internacional nos próximos meses.
COMENTÁRIOS